31 de julho de 2006

Pedágio

Favor reduzir a marcha. Parada obrigatória.

29 de julho de 2006

27 de julho de 2006

Receita de bruxo

Para cuidar de fissura no osso:

Garra do diabo
Mesocarpo de babaçu
Sangue de dragão (extraído da Amazônia peruana)
Suplemento de cálcio e magnésio
Colheradas fartas de mastruz com leite
Concentrado de alfafa
Chá de capeba e cavalinha

+ dieta de crus por 10 dias: cenoura, nabo, pepino, couve e outras hortaliças. De sobremesa, iogurte com melaço e frutas a vontade. Água de coco também vale.

Não tem erro. Basta se manter longe das carnes, frituras, laticínios, leguminosas, chocolates, açúcar e sal refinados, cafeína e drogas químicas. Só tenha cuidado para o ortopedista alopata não desmaiar quando ver que o osso calcificou muito antes do esperado.

Receita de dr. Fernando Hoisel, clínico geral, confiante de que lugar de médico é na cozinha.

26 de julho de 2006

No sympathy

"When I'm in my trouble here
Only me feels the pain
Not one good word of advice
From any of my so called friends"
(Peter Tosh)

24 de julho de 2006

Agendem-se!!!!

NAÇÃO ZUMBI E MOMBOJÓ - O som do ano
Quando: 23 de setembro
Onde: Circo Bolshoi
O que: Festa de lançamento da banda O Círculo, formada da dissidência da Scambo
Quanto: Ainda não foi divulgado
Mais informações em el Cabong

23 de julho de 2006

21 de julho de 2006

Dia do amigo

Creio que a vida sem amigos não faz sentido algum, afinal, como diz o jargão, amigo é tudo. Não consigo descrever com palavras como classifico meus amigos. É difícil. Cada um tem um espaço e amizade é uma palavra desgastada. Um status atribuído sem muito critério. Mas comigo não é assim. Meu coração vibra quando encontro um amigo.

Meu amigo de verdade me propõe viagens incríveis e ainda me faz escalar torre alta sem proteção alguma. É o cara que compartilha detalhes da minha rotina pelo simples fato de ter interesse em saber como estou. É também aquele que depois da discussão insana me recebe com um abraço amistoso acompanhado de um pedido de trégua. Sem falar naquela companhia que sempre está lá... lá naquele momento impossível de aturar... lá naquela festa que entra pra história... ou lá no sofá da sala para papear e degustar momentos interessantes. Há ainda os que simplesmente me querem bem.

Se você é meu amigo tenho certeza que sabe disso. Se não me esforço com palavras ou gestos de carinho as atitudes representam com sinceridade o sentido da nossa relação. Lembre disso. Se me faço presente é porque me importo com você.

Amigo meu não passa aperto sem necessidade. Nem há angústia que não seja amenizada com palavras de carinho. Todos eles conheço pelo olhar. Sei quando estão tristes ou contentes. Enfurecidos ou empolgados. Sei também o que esperam de mim e é justamente por isso que me dedico com atenção.

Agora os que questionam a minha amizade tenha certeza que a dúvida não é uma questão de lealdade. Não quero seu mal, nem se preocupe... não vou te passar a perna. Talvez seja necessário um pouco mais de tempo pra gente se conhecer. Ou talvez a gente não tenha nada além que supostas afinidades. Também gosto dessa relação e se esse for o caso, me desculpe, não confio em você. Sei que não sou fácil e às vezes dou o tiro errado, mas me tirar como amiga é coisa rara.

20 de julho de 2006

Stand by 2

I woke up on a cloudy day feeling blase blase from last nights party. In the back of my mind I got work today but I couldn't find my shoes too lardy dardy. I said I'm sorry... I got to get away sometimes, oh yeah! I got to get away. I got to slip away sometimes... got to slip away to my special place. (Katchafire, reggae music from New Zealand)

Stand by

Me abisma saber de mentiras sem propósito. Não julgo motivos nem circustâncias. Apenas questiono o grau de sinceridade que cada um tem a oferecer.

17 de julho de 2006

Canabidiol, o fruto bom da maconha

Tássia Novaes,
do A Tarde On Line

Se você é usuário de maconha, trata-se de um drogado fora-da-lei. É dessa forma que se enquadra o uso da Cannabis sativa em território nacional, de acordo com a Lei de Entorpecentes 6.368, de 1976. Proibição semelhante ocorre nos seis continentes habitados pelo homem. Exceção mesmo só na Holanda, onde a maconha é vendida legalmente em bares e restaurantes, e no Canadá, onde o parlamento aprovou a descriminalização. Ou então em uma viagem no tempo, há cinco mil anos, quando a maconha era amplamente consumida entre os chineses. Para os outros mortais, desde o início do século XX, predomina a denominação pejorativa da planta ilícita mais consumida nos últimos tempos. Segundo estudos da Universidade de São Paulo (Usp) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o uso da cannabis para fins recreativos perde apenas para o consumo de álcool e tabaco.

Agora imagine que um novo referencial está a caminho. O fruto proibido está preste a ganhar espaço de destaque na prateleira da farmácia mais próxima de sua casa. Manipulada em laboratório ? processo que nada tem a ver com os efeitos típicos do cigarro ? a cannabis dá vida a duas substâncias com grande potencial medicinal. O delta-9-tetraidro-canabinol, famoso THC, conhecido por proporcionar o ?barato? de quem fuma com o intuito de captar o poder aluginógico, e o canabidiol, extrato que pode constituir até 40% da planta. Diferente do THC, o canabidiol é um ansiolítico (espécie de tranqüilizante utilizado para amenizar a ansiedade) tão eficaz quanto medicamentos sintéticos como o Diazepam. E o melhor: não causa dependência

Pesquisas realizadas nos Estados Unidos, Brasil, Inglaterra e Austrália mostram que o canabidiol pode proteger o sistema nervoso central, ampliando a sobrevida dos neurônios além de ajudar a deter inflamações e controlar a pressão arterial. Há indicações de que o canabidiol possa ainda bloquear o crescimento de tumores no cérebro. Da junção com THC em proporções iguais saiu o Sativex, medicamento desenvolvido pelo laboratório inglês GW Pharmaceuticals, utilizado desde 2005 no Canadá no alívio de dores resultantes da esclerose múltipla.

Temida ou adorada a verdade é que ainda não há estudos suficientes que identifiquem com precisão os efeitos causados pela cannabis no cérebro humano. Uma equipe de pesquisa pioneira, coordenada pelo professor Elisaldo Carlini, da Unifesp, eleva o Brasil à condição de um dos países mais atuantes na tentativa de desvendar as propriedades medicinais da maconha. Da equipe de Carlini, a reportagem do A Tarde On Line conversou por telefone com José Alexandre Crippa, do Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP). O pesquisador ponderado que não acredita em posicionamentos rígidos em relação ao uso medicinal da maconha. Crippa, porém é contra o fumo da planta.

THC e canabidiol para uso medicinal

Questionado sobre a possibilidade de a combinação de THC e canabidiol para uso medicinal, o doutor José Alexandre Crippa, do Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), disse que é possível, mas é preciso pesquisas para comprovar.

"A estrutura química das duas substâncias é muito parecida, mas os efeitos são absolutamente opostos. O laboratório fatura milhões no Canadá com esse remédio. Se entrar no mercado norte-americano então... nem se fala". Leia a entrevista.

A Tarde On Line - Pesquisas compravam que o canabidiol detém a ansiedade de modo equivalente ao Diazepam. E estudos ainda não concluídos indicam que o canabidiol pode também ser utilizado no combate à depressão. Durante décadas, um dos principais efeitos colaterais da maconha apontado pelos pesquisadores que a estudam como substância ilícita apresentam a cannabis como uma droga que estimula depressão. Como se dá essa diferença?
José Alexandre Crippa - Há várias hipóteses para isso. Pessoas vulneráveis à depressão tem mais chances de serem dependentes de maconha. Entretanto, há relato de gente que usa maconha para diminuir a ansiedade e melhorar da depressão. Uma das hipóteses é que o THC (principal componente da maconha) tenha efeitos distintos sobre esses dois sintomas. Baixa dose é ansiolítico (diminui a ansiedade) e alta dose é ansiogênico (induz a ansiedade) especialmente em pessoas que usaram maconha poucas vezes ao longo da vida. Além disso, tem o canabidiol, cujo efeito ansiolítico é comprovado. Daí surge um detalhe: o canabidiol reduz os efeitos ruins do THC, que são as intensas alterações do pensamento, as alucinações. Por exemplo, algumas pessoas fumam maconha e desenvolvem quadro de psicose. Se a maconha utilizada tivesse uma quantidade maior de canabidiol o efeito adverso do THC seria evitado. Essa é uma possibilidade. Um paradoxo em relação à maconha.

A Tarde On Line - Apesar de serem substâncias irmãs, o THC apresenta mais efeitos adversos que o canabidiol. A GW Pharmaceuticals combina as duas substâncias em quantidades iguais no Sativex, medicamento aprovado pelo governo do Canadá. A saída para o uso medicinal da maconha vem da combinação do THC com canabidiol?
Crippa ? Pode ser. Na verdade, ainda carece de mais pesquisas. O THC já era utilizado no tratamento de esclerose múltipla e em casos de emagrecimento acentuado nos portadores de HIV. O problema é que quando o paciente toma THC há efeitos benéficos e ruins ao mesmo tempo. Isso porque o THC causa problemas cognitivos: altera a memória, a atenção, a concentração. E efeitos fisiológicos: aumenta a pressão arterial, a freqüência cardíaca, causa sudorese, boca seca, vermelhidão nos olhos. O canabidiol não afeta nada disso. Existem, inclusive, estudos com ratos que mostram melhoria na atenção. Mas isso ainda não está comprovado, é apenas uma hipótese. O único efeito adverso que o canabidiol costuma apresentar é sedação em doses muito altas. A estrutura química das duas substâncias é muito parecida, mas os efeitos são absolutamente opostos. O laboratório fatura milhões no Canadá com esse remédio. Se entrar no mercado norte-americano então... nem se fala.

A Tarde On Line - Mas no final de abril deste ano a Agência de Alimentos e Medicamentos nos Estados Unidos (FDA, em inglês) soltou um relatório que proíbe qualquer uso médico da maconha...
Crippa ? A FDA além de ser um agente regulador, é um órgão político. É como se fosse uma Anvisa norte-americana, e o governo Bush é bastante conservador. Li o relatório. Os argumentos da proibição são muito pobres. Eles dizem que não há evidência suficiente que comprovem o THC com propriedade medicinal. Mas a própria FDA anos atrás disse em outro relatório exatamente o oposto. Há base científica que comprova as propriedades medicinais da cannabis. Basta pesquisar no Google que você vai encontrar centenas de estudos em direção oposta à censura dos Estados Unidos.

A Tarde On Line - Então trata-se de uma proibição ideológica?
Crippa ? Não tenho a menor dúvida. É uma restrição política, e não técnica.

A Tarde On Line - Nos últimos 30 anos o Brasil tem realizado diversas pesquisas que evidenciam o potencial medicinal da maconha. Pesquisas financiadas pela Fapesp e CNPq, com dinheiro do Governo Federal. De onde vem o interesse brasileiro em estudar a maconha já que Sociedade Brasileira de Medicina condena o uso?
Crippa ? São coisas distintas. Canabidiol é uma substância proveniente da cannabis sativa sem efeito psicoativo. Se um adolescente fumar ou tomar canabidiol, não vai curtir barato nenhum. Agora, o interesse em pesquisas sobre a maconha surgiu com a descoberta dos receptores canabinóides. Concluiu-se também que os seres humanos possuem endocanabinóides, que são um tipo de canabinóides endógicos. Ou seja, o ser humano tem uma ?maconha? produzida pelo próprio organismo. Isso só foi descoberto dois ou três anos após identificarem os receptores. Mesmo quem nunca fumou maconha ou sequer ouviu falar, possui uma ?maconha endógena?. Daí foram feitas especulações que associam o sistema de receptores com uma série de doenças: dor, processos inflamatórios e transtornos psiquiátricos. Existe até uma hipótese canabinóide da esquizofrenia. Possivelmente, casos de pessoas que fumam maconha e desenvolvem quadro psiquiátrico ocorrem porque o THC estimula a harmonia existente entre os endocanabinóides e os receptores cerebrais. Atualmente, há um interesse enorme em estudar esse fenômeno. Pode ser a chave para descobrir a neurobiologia dos transtornos psiquiátricos. Há também o interesse em desvendar o potencial terapêutico dos canabinóides. Com as pesquisas, pode ser que sejam desenvolvidas drogas que atuam nos receptores com intenção de amenizar dores e transtornos psiquiátricos.
A Tarde On Line - O Brasil hoje é referência nos estudos sobre o potencial medicinal da maconha?
Crippa ? Não existe país que esteja tão avançado no uso do canabidiol para transtornos mentais como o Brasil. Em especial os trabalhos desenvolvidos pelo professor Antonio Zuardi (USP). Com relação aos canabinóides as pesquisas do professor Elisaldo Carlini (Unifesp) deixam o Brasil entre os cinco maiores centros de pesquisa mundial ao lado dos Estados Unidos, Inglaterra, Israel e Austrália.

A Tarde On Line - Segundo o doutor Carlini, não há mais justificativa ética para os médicos deixarem de receitar o THC ou canabidiol. Por que ainda há tanta resistência em aceitar essas duas substâncias como medicamento?
Crippa ? O problema é que há uma associação negativa com relação à maconha. Muitos dizem que é a erva do diabo, uma droga ruim que vai deixar todo mundo louco. Mas só para ter idéia, há um derivado da heroína que é usado no Brasil e pouco se fala sobre isso. Chama-se dolatina. É usado como medicamento sendo que a heroína é uma substância muito mais deletéria que a maconha. Por outro lado, ainda não se sabe todos os efeitos da maconha. Parece que o uso crônico causa problemas. Há uma série de indicativos nessa direção.

A Tarde On Line - Há pacientes no Brasil que procuram tratamento com canabidiol ou THC? Crippa ? Não. Muitas pessoas lêem nossos artigos, ligam, querem saber a respeito, mas ainda não há tratamento com essas substâncias no país. Para produzir os medicamentos em escala industrial precisaria de uma quantidade enorme de maconha plantada.

A Tarde On Line - Mas recentemente a Polícia Federal fez uma das maiores apreensões do País. Foram incinerados cerca de um milhão de pés de maconha plantados em fazendas no Vale do São Francisco. Ao invés de jogar fora, não poderia ser utilizado para fazer remédios?
Crippa ? Não há essa possibilidade para uso medicinal agora. Estamos trabalhando com um derivado sintético do canabidiol em parceria com um laboratório alemão. E pode ser que no futuro a gente consiga criar possibilidades de produção industrial.

A Tarde On Line - O fato de ser uma planta cujo cultivo é proibido dificulta o desenvolvimento das pesquisas para uso medicinal?
Crippa ? Nunca tivemos restrições com as pesquisas que temos feito. Mas creio que no futuro seja uma questão que exige debate. É difícil até uma opinião pessoal em relação a isso. O fato é que no THC existe um derivado sintético chamado e talvez seja possível utilizar para fins medicinais.

Faltam estudos sobre a cannabis

Apesar de reconhecer os avanços medicinais no uso do princípio ativo da maconha, o doutor José Alexandre Crippa, do Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), é contra o fumo da maconha.

"As pessoas acham que é uma droga natural, mas esquecem que causa problemas graves de saúde quando consumida. Sobre o uso médico, no futuro breve é possível". Leia a entrevista.

A Tarde On Line - O senhor é a favor do uso da maconha?
Crippa ? Sou totalmente contra o uso recreativo. Pode causar muitos problemas e muita gente não sabe disso. As pessoas acham que é uma droga natural, mas esquecem que causa problemas graves de saúde quando consumida. Sobre o uso médico, no futuro breve é possível. O uso recreativo deve ser combatido.

A Tarde On Line - No artigo ?Efeito cerebrais da maconha ? resultados dos estudos de neuroimagem? que o senhor assina junto com outros seis pesquisadores são citados testes de tomografia computadorizada e ressonância magnética feitos em usuários crônicos de maconha. Apesar de serem pessoas que consumiram cinco cigarros de maconha por dia durante cinco anos, não foi registrada anormalidade neuroestrutural ou atrofia cerebral. Onde está o perigo do consumo assíduo da maconha então?
Crippa ? Há várias formas de avaliar um cérebro. Você pode estudar a forma e a função. As poucas pesquisas que foram feitas até agora não apontam alterações com relação à forma. Entretanto, o funcionamento do cérebro de quem consome muita maconha muda. Algumas áreas começam a funcionar menos, outras funcionam mais. E isso causa um impacto. Se você aplicar testes neuropsicológicos em um grupo de indivíduos que consome grande quantidade de maconha o resultado vai mostrar redução da memória, da atenção, dificuldade de determinar tempo e espaço, além de outros processos cognitivos. O cérebro da pessoa funciona diferente porque está prejudicado. Se a pessoa não fosse usuária, reagiria melhor. Está comprovado cientificamente que o uso prolongado da maconha pode modificar o funcionamento do cérebro, mas com relação à estrutura não se sabe até hoje. Faltam estudos, mas a princípio parece que não ocorre nada importante. Exceto com pessoas que consumiram muita maconha antes dos 17 anos. Quando passa para fase madura, o cérebro está menor. As estruturas reduzem. Provavelmente, a redução é causada pelo efeito da maconha nos hormônios que impulsionam a formação do cérebro humano.

A Tarde On Line - E sobre os efeitos da exposição pré-natal à cannabis? As pesquisas indicam que o uso durante a gestação tem um impacto na atividade cerebral em regiões que estão relacionadas a inibição de respostas. Quais são as conseqüências desse efeito?
Crippa ? É muito difícil de avaliar. No Canadá, foi feito um estudo com mulheres grávidas usuárias de maconha. Os pesquisadores acompanharam os bebês ao longo dos anos até atingir a fase adulta. Vinte anos depois, os filhos de mães que fumavam maconha apresentaram alteração no funcionamento do cérebro sem nunca terem consumido maconha. Essa é uma hipótese. Tem também um outro estudo, no qual filhos de mães que consumiram maconha têm mais chances de ter transtornos psiquiátricos na fase adulta. Mas é difícil chegar a uma conclusão. A amostra é pequena e a gente nunca sabe o que é causa e o que é efeito. Por exemplo, pode ser que a mãe consumia maconha porque sofria de ansiedade e daí há uma carga genética que passa para o filho, aumentando a chance dele ser ansioso também.

A Tarde On Line - Então os problemas nas pesquisas vêem da amostra utilizada?
Crippa ? Tem que ter muitos estudos para chegar a uma conclusão precisa. Não se sabe ao certo em relação aos transtornos psiquiátricos, mas parece que na formação do feto é prejudicial. Não é bom consumir maconha na gestação. Assim como não se deve consumir tabaco nem álcool. É altamente prejudicial ao feto.

A Tarde On Line - O que é mais prejudicial, um cigarro de maconha ou um cigarro de tabaco? Crippa ? Depende do ponto de vista. Temos milhares de pessoas que consomem tabaco e outras milhares que consomem maconha. No Brasil, cerca de 7% da população já consumiu maconha. Se uma pessoa fuma maconha, vai dirigir e bate o carro porque estava disperso demais, isso é problemático. Se fumar cigarro normal, os reflexos não vão estar prejudicados. Mas se olhar por outro lado, uma pessoa que fuma tabaco por vários anos e desenvolve um câncer e uma outra pessoa que fuma maconha esporadicamente e não desenvolve nada, então o tabaco é pior. Já o adolescente que fuma maconha e vai para a sala de aula, não vai ser bom para o nível de aprendizagem. Então depende de qual aspecto você quer avaliar. É difícil dizer o que é pior. O que posso dizer é que ambos consumidos para recreação é prejudicial e a extensão do prejuízo depende da circunstância.

A Tarde On Line - Testes indicam que o canabidiol em doses baixas (via oral, inalado ou intravenoso) não causa efeitos tóxicos em humanos. É importante ter um medicamento ansiolítico que não causa dependência?
Crippa ? Os ansiolíticos foram considerados os remédios mais vendidos no mundo inteiro, mais que o analgésico. São medicações boas, mas que apresentam dois problemas. Pode causar uma situação que os médicos chamam de tolerância, isto é, se a pessoa tomava um comprido e dormia tranqüila após alguns meses de uso contínuo esse comprimido não vai ter o mesmo efeito. E tem a dependência. A pessoa pára de tomar e surgem os sintomas de abstinência. O paciente sente vontade de continuar tomando apesar de não precisar mais. Também tem forte poder sedativo e não poder ser combinado com bebidas alcoólicas. Por isso, é interessante buscar outras substâncias que possam atuar nos mesmos sintomas sem causar esse tipo de problema. O canabidiol não apresenta nada disso.

A Tarde On Line - Poucos estudos de neuroimagem avaliam de fato os efeitos da cannabis no cérebro humano. Também não há homogeneidade quando se caracteriza os usuários e os critérios de análise nem sempre são confiantes. Se precisa de mais estudos para desmistificar o efeito da maconha no cérebro porque não investem em mais pesquisas que clareiem a situação ao invés de simplesmente censurar ou condenar o uso da planta?
Crippa ? Existem muitas pesquisas em andamento no mundo inteiro. Vários organismos patrocinam pesquisas como o National Institutes of Health (EUA) e outros centros de pesquisa na Inglaterra, na Austrália. O problema é os dependentes de maconha geralmente fazem uso de outras drogas como o álcool, cocaína, LSD, tabaco.Varia. É difícil achar pessoas que só usam maconha ou que estejam em abstinência total. A maconha pode ficar até 30 dias no organismo, aí quando faz o exame de neuroimagem funcional sendo que a pessoa parou de usar apenas por um período curto fica difícil de saber se é um efeito crônico causado pelo uso ao longo de vários anos ou se é um efeito temporário. Por isso é tão complicado chegar a conclusões precisas sobre a cannabis. Não é nem questão de financiamento, é dificuldade de conseguir amostra. Queremos pessoas que só fumem maconha, nunca tenham usado outra droga e não tenha problemas psiquiátricos, enquanto a regra é consumir outras drogas.

A Tarde On Line - A indústria farmacêutica joga contra essas pesquisas?
Crippa ? Não acredito nisso. É paranóia pensar assim. Com a descoberta dos receptores canabinóides os laboratórios passaram a investir em pesquisas. Tem um grande laboratório que está prestes a lançar um moderador de apetite feito a partir do canabidiol sintético. A verdade é que pequenos laboratórios atentaram primeiro para a importância medicinal da cannabis e agora os grandes estão correndo atrás do prejuízo. Só que quando se descobre uma droga pode demorar 10, 15 anos entre a pesquisa inicial e a prateleira da farmácia. É um processo bastante lento.

A Tarde On Line - Como pesquisador, o senhor consegue estimar em anos quando iremos ver nas prateleiras das farmácias remédios feitos a base de THC e canabidiol sendo vendidos livremente?
Crippa ? É um futuro bastante próximo. Eu vou ver e quem sabe um dia talvez eu mesmo vá a farmácia comprar para mim. E o meu filho com certeza já vai ter acesso a isso. Estimo uns dez anos. É o que eu espero pelo menos.

13 de julho de 2006

Baculejo

Campo da Pólvora. Às 13h45.

11 de julho de 2006

Divinas

Hoje, às 11h30. Mosteiro de São Bento.

Arrochadinha

Hoje, às 12h45. Terreiro de Jesus.
(Singela homenagem à Carminha)

4 de julho de 2006

Tá difícil...


... pra não dizer que tá foda! rsrs.

Caros leitores, continuo em falta nesse blog mesmo com o fim da Copa. Ainda não sei quando volto a postar com regularidade.