27 de fevereiro de 2007

Retrato


Safira, Luna e Boris.

Doutor, ando meio cansada, meio estressada...

"Evolutivamente, o homem não foi preparado para suportar o grau de tensão contínua e constante a que está exposto todos os dias. Ao deparar-se com a fera ameaçadora, o homem primitivo matava-a ou fugia. De volta à caverna, relaxava e recompunha o equilíbrio orgânico e emocional indispensável para sua sobrevivência. Hoje, o direito a essa pausa revigorante desapareceu da vida das pessoas. Mergulhadas nos compromissos e problemas, a maioria nem se dá conta de quanto o corpo reclama dessa agressão permanente. Recomendar mudanças no estilo de vida pode parecer utopia. No entanto, se esse processo não for interrompido os males causados à saúde e à qualidade de vida podem tornar-se irreversíveis." [Drauzio Varella]

Eu hein!!?!

No ônibus lotado, após a aula de ginástica, vejo no trapézio de uma moça letras delicadamente tatutadas. Aperto os olhos na tentativa de entender o que aquela grafia quer dizer. Me espanto com a mensagem: Esporte Clube Vitória. Achei que era vertigem devido ao cansaço resultado dos 100 minutos de Power Jump com Body Atack somado aos 43 minutos que permaneci encostada no poste aguardando a minha vez de voltar para casa. Vertigem coisa nenhuma. Lembro, inclusive, de ter fotografado no carnaval passado um chicleteiro que leva gravado no antebraço esquerdo o nome do ídolo, Bell.

26 de fevereiro de 2007

Oscar 2007

Melhor fotografia:
Dália Negra, Filhos da Esperança, O ilusionista, LABIRINTO DO FAUNO (Guillermo Navarro) e O grande truque.

25 de fevereiro de 2007

Direto da redação

Domingo não é um bom dia para trabalhar.

Ontem

E no céu de poucas estrelas surgiu uma lua crescente cor amarelo ouro sobre as águas da Baía de Todos os Santos...

24 de fevereiro de 2007

Parabéns, Safi!

Safira vem do grego e significa azul. Talvez não haja outra cor no arco-íris que defina com tanta precisão a personalidade da minha única e querida irmã, Safira. É do azul que vem aquele misto de monotonia com harmonia. Sem falar do bom humor regado por comentários ácidos prestes a ser disparado a qualquer momento, o que não impede que a situação seja encerrada com um largo sorriso. Aliás, sorrisos são constantes em Safira. Pisciana, filha de Áries com Virgem. Irmã de Aquário. Uma pessoa genuinamente tímida. Aquele olhar vago e enternecedor, seguido de gestos doces e delicados, completados por um único comentário extremamente sensível - mas, quem diria, surpreendentemente na mosca. Por vezes a vejo assim, na natureza poética de Peixes. Por vezes também a vejo braba e ranzinza, especialmente, comigo. Como é atrevida! Gostamos de trocar tapas e farpas, muitas vezes, fruto dos oito anos de diferença. É que uma não tem paciência com a impaciência da outra. É que uma quer se esbaldar em gargalhadas às 2h da madrugada, enquanto a outra deseja, piedosamente, sob o mesmo teto, ouvir o silêncio. Também não gostamos de saborear a mesma culinária e há ainda uma grande divergência musical entre nós. Mas do que adianta? Diferenças insignificantes diante da imensidão que nos une. Se você não existisse, Safira, certamente a minha essência estaria resumida a um vazio sentimental. Eu não seria o que sou e não haveria em mim tudo o que você acrescentou e adiciona a cada dia na minha vida desde o seu nascimento. Feliz 15 anos, irmã!

23 de fevereiro de 2007

Pós carnaval

Silêncio, por favor.

22 de fevereiro de 2007

Terça-feira

CARNAVAL 2007

"Le cose belle sono lente" [Pane e Tulipani]

21 de fevereiro de 2007

A cena

CARNAVAL 2007

Balanço final: três homicídios. Foto: Walter de Carvalho.

O texto

CARNAVAL 2007

Comemorando o crime
Clóvis Rossi - crossi@uol.com.br (Folha de S. Paulo, hoje)

Digamos que tenha havido, na sua cidade, em meros três dias, uma seqüência de 41 assaltos a ônibus, 17 deles no formato de arrastões praticados por grupos de até 30 homens armados. Você, provavelmente, mesmo que não tenha sido vítima direta de nenhuma das ocorrências, ficaria indignado, assustado, amedrontado ou uma mistura de todas essas emoções. Bom, se você teve uma reação normal, azar seu: está eliminado de qualquer possibilidade de, algum dia, candidatar-se ao cargo de comandante-geral da Polícia Militar, ao menos na Bahia. Sim, porque, na capital baiana, durante o Carnaval (e até a tarde de segunda-feira), ocorreram de fato 41 assaltos a ônibus, 17 deles tomaram de fato a forma de arrastões -e ainda houve o apedrejamento de 187 ônibus. Como se fosse pouco, um passageiro foi jogado pela janela do ônibus em movimento e está internado com ferimentos graves. Muito bem. Qual a reação do comandante-geral da PM, coronel Antônio Jorge Santana? "Só temos a comemorar", afirmou o coronel, segundo o relato de Luiz Francisco, da Agência Folha em Salvador. O comandante ainda acrescentou: "Estamos com uma polícia atuante, trabalhando equipada com celulares, câmeras e helicópteros, para trazer mais segurança e tranqüilidade para o folião baiano e turistas". Ah, o número de ocorrências registradas em três dias (até domingo de manhã) havia sido de 1.280 (uma a cada três minutos). Se essa é a noção de "polícia atuante", se essa é a noção de "segurança e tranqüilidade", se 41 assaltos a ônibus são motivos para comemorar, é porque as autoridades brasileiras perderam completamente o rumo. Ainda bem que hoje é Cinzas, e Cinzas não dá motivos para mais "comemorações".

A cobertura

CARNAVAL 2007

Repórter Carminha acompanhou cada detalhe da festa momesca.

A foto

CARNAVAL 2007


Sábado, na Barra

O momento

CARNAVAL 2007



Vida Boa* (Fausto Nilo e Armandinho)
Lua no mar /Vendo a canoa passear/A vida boa passa do real que há/Coração/Será que tá boa?/Na paz, depois/Depois da paz/Eu quero paz/Aonde o sonho vai, meu sonho vai/Meus sonhos vão/E a parte quente de repente tá na mão/Meu coração/Você que faz a minha vida variar/Tá na luz que passa pelo ar/Passa também pelo seu olhar/Ai, morena, faça o que eu sonhar/Que mágica boa!/Meu amor, cadê você?/Olê, olê, olá/Ê, você, olê, olá/Olê, olá que é pra canoa não virar/E a vida boa na cabeça vadiar/Coração/Será que tá boa?/Na paz depois/Depois na paz/Eu quero mais/Aonde você vai/Meu sonho vai/Meus sonhos vão/A parte quente que pressente a sua mão/Meu coração/Você que faz a minha vida variar/Tá na luz que passa pelo ar/Passa também pelo meu, seu, olhar/Ai, morena,Abraça se eu chorar/Que mágica doida!/Meu amor, cadê você?/Olê, olê, oláÊ, você, olê, olá
(*) Domingo, atrás da fobica. Jamais será esquecido.

A parte ruim

CARNAVAL 2007

"Eu vou torcer pela paz, pela alegria, pelo amor". Deixa disso, meu povo!

A parte boa

CARNAVAL 2007
Tem gente que faz jus à estampa que carrega

Pra Rosana Zucolo

VEM PRA BAHIA, PRÓ!

Quinta-feira de Carnaval no circuito Dodô

Pra Seu Ari

ABAIXO BORORÓ!

Depois do Babado Novo, é a maior armação carnavalesca de todos os tempos. Fazer o que... quem paga sai na Band. Dou ponto pra Armandinho que puxou o trio com a parentada e o violonista novaiorquino (e multiinstrumentista) Ted Falcon. Um arraso!!! Tá vendo, Seu Ari, sinta vergonha não. Sinta é pena da paulistada que deu as costas e cortou a transmissão enquanto a fobica passava. É que Armandinho não paga pra Cléo Pires e Gianechini erguerem o indicador direito pro alto aos pulinhos. É que Armandinho não fez a mínima questão de cumprimentar a japonesa-loira-bigbrodiana, Sabrina Sato, nem muito menos o agitador de palco Otaviano Costa. Também não deu nem tchun pras 12 câmeras virtuais do Terra. Passou reto, virou a cara e, creio eu, só não deu dedo pq todas as falanges, falanginhas e falangetas estavam devidamente ocupadas nas cordas da guitarra baiana. É que Armandinho antes de qualquer coisa ainda quer fazer carnaval de verdade. Sabe como é, aquele carnaval lá que o senhor já deve ter brincado vestido de mortalha junto com Denis. Aquele carnaval do "verdadeiro enxame, chame chame gente". O carnaval da "mágica boa... meu amor, cadê você? Olê, olê, olá. Ê, você, olê, olá". O carnaval que o Asa não arrêa. O carnaval que eu só conhecia de ouvido, ao som de comentários saudosistas feitos por meus pais, feito por vocês dessa época ai.Mas esse ano, Seu Ari, pela primeira vez, aos 23, vi tudinho. OU melhor, ouvi e dancei. Fechei a pauta mais cedo só pra correr pra Ondina e pegar o trio. Dancei de me acabar. Eu e toda turminha da casa dos 20 que estava em Ondina, incluindo boa parte da reportagem (também da casa dos 20) do Correio da Bahia, da TV Bahia, TVE e do A Tarde. A turminha que se fode de trabalhar sem receber jabá. Que veio da década de 80 mas carrega (não sei pq) uma aura lá da época de vocÊs. Que é jornalista por ofício e não por status. Todo mundo adiantou a pauta pra correr atrás do caminhão. Sem confusão, sem briga, com ânimo e empolgação. E muita cerveja, é claro! Mesmo tendo pauta no dia seguinte. Fomos ao som de Villa-Lobos, bolero de Ravel e tudo de bom composto por Armandinho, Dodô, Osmar, Morais Moreira, Caetano, Gil, Fausto Nilo, Pepeu Gomes e a louca da Baby. Músicas de Brown e Margareth também ganharam versão especial ao som da guitarra baiana. Olha, eu amei. Todos que estavam na rua amaram. Agora já vou poder me incluir na conversa de vocês. E digo mais: paroano, se continuar refém das pautas carnavalescas, vou sair no Cortejo Afro. Eu e a turminha. Todos vestidos a caráter. Uns já sairam de Gandhy esse ano. Bora nessa? Bora Denis, bora Carminha. Até a Pró já tá pensando em colocar no orçamento dela de verão.

18 de fevereiro de 2007

A música

CARNAVAL 2007
QUERO A FELICIDADE (Daniela Mercury e Manno Góes*)
Quero toda a alegria que há/Quero quadros vermelhos/Quero tudo que se tem pra trocar/Que seja verdadeiro...Dinheiro não! /Barracos por casas e histórias pra contar/Roupa bem lavada e um colo pra ninar!/Massa feita em casa, puro fado pra cantar/Paredes pintadas e uma moça pra dançar/ Quero pátria, quero chão/Quero a massa, quero a nação/Quero sexo, quero paixão/Quero arte, quero pão/Quero a felicidade, quero a felicidade/Quero a felicidade, quero a felicidade/Quero toda a alegria que há/Quero quadros vermelhos/Quero tudo que se tem pra trocar/Que seja verdadeiro... /Músicas por palmas/E a beleza da canção/Redes penduradas/E um bordado de coração/Uma namorada/E uma carta escrita a mão/Liberdade por nada/E a esperança que não morre não/Quero preto, quero branco/Quero beijo, quero tanto/Quero família, quero amizade/Quero leveza e honestidade/Quero Maria, quero João/Quero igualdade, indignação/Quero verdade e sabedoria/Pra enfrentar o que nos desafia/Quero a felicidade, quero a felicidade/Quero a felicidade, quero a felicidade/Quero amor, quero abraço/Quero poesia, esperança e generosidade/Quero o que? Quero o que?/Quero o que?/ Quero o que?Quero igualdade, quero o que?/Quero o que? Quero o que?/Quero o que? Quero a Verdade!/Quero o que? Quero o que?/Quero o que? Quero o que?/Quero Amizade!/Quero a felicidade, quero a felicidade/Quero a felicidade, quero a felicidade
(*) Finalmente uma música decente feita pela turminha do Jammil. Faz tempo que não ouço uma música cantada por Daniela tão bacana. Me surpreendeu saber a parceria com Manno Góes, "cantor" que já critiquei (e não retiro) inúmeras vezes. E pensar que a mesma criatura que compõe "Sou praieiro", "Lança-lança" deu o tom dessa canção, que, pra mim, bem que poderia ser eleita a música do carnaval. Mas pelo visto quem vai levar é o Asa com a infeliz "Quebraê". Triste letra que enlouquece os foliões quando toca na avenida. Deve ser culpa da sonoridade. Visto assim, Durval tem sorte. De tão pedida até Ivete teve que cantar de última hora com papel em punho lendo cada verso da música (pelo visto não ensaiada). A Manno, só me resta pensar que houve um surto de lucidez ou então que as outras composições não passam de descaração. Algo do tipo: empurra qualquer que o povo engole. Eu vomito. Com exceção para esta canção. Na minha opinião, bela.

15 de fevereiro de 2007

Celebrar

Sem muito o que declarar, hoje, 23!

"Celebrar, é assim que tem que ser... Maioral, é assim que é... Mão na cabeça e o foguete no pé, samba makossa tem hora marcada, é da pesada, samba, samba, samba, samba, samba, samba"


12 de fevereiro de 2007

Xis!

Dia 3 de fevereiro, no Rio Vermelho.

11 de fevereiro de 2007

Domingo

"Mas alguma coisa acontece,
no quando agora em mim"
[Caetano Veloso]

8 de fevereiro de 2007

Sintonia

I'm a living sunset Lightning in my bones Push me to the edge But my will is stone
Cause i believe in a better way Fools will be fools And wise will be wise But i will look this world Straight in the eyes I believe in a better way What good is a man Who won't take a stand What good is a cynic With no better plan I believe in a better way Reality is sharp It cuts at me like a knife Everyone i know Is in the fight of their life I believe in a better way Take your face out of your hands And clear your eyes You have a right to your dreams And don't be denied I believe in a better way I believe in a better way I believe in a better way
(Ben Harper)

7 de fevereiro de 2007

Sai pra lá!

Antes que o circo pegue fogo, lá de longe, o cheiro de fumaça apita no nariz dos sensíveis

Certa vez, pouco antes de completar seis anos de idade, minha mãe me falou que não era boa coisa agir sem sinceridade com as pessoas, sobretudo com os amigos. Me ensinou também que para ser feliz nessa vida é preciso cuidar do próximo, estabelecer relações saudáveis com as pessoas que estão ao nosso redor, além de banir da alma a prática de atitudes medíocres. Semear a paz, cultivar o amor. É que para cada ato mau pensado, há-de vir uma resposta incisiva e sem recompensa.

Ora, a vida de quem não ama é vazia. A vida de quem jamais foi amado é amarga. O descontrole de quem ama por obcessão fere mais que uma arma. O amor viciado beira a morte. Perigo mesmo é quando se ama por submissão. Ai perde-se a noção de tudo. O mundo vira ao avesso e os referenciais que levam à dignidade são abolidos. Optar pelo certo ou pelo errado já não convence mais já que a única coisa que satisfaz é obcessão por ter.

Fuder com a vida de alguém é perda de tempo. Não adianta pisar hoje porque certamente lá na frente há-de retornar com a mesma intensidade. Não é mau agoro. É a lei cósmica de causa e efeito. A física explica.

6 de fevereiro de 2007

Pensamento

A vida dá rasteira em meninas más

Dádiva

Morenos: 1, 2, 3...

5 de fevereiro de 2007

2 de fevereiro

Rio Vermelho, assim que amanheceu.

2 de fevereiro de 2007

Marisa Monte






















Semana passada, no Red River.
A artista mais educada que já fotografei.

Ben Harper

Algumas pautas são de doer o estômago. Nessa de viver infiltrada em duas indentidades - ora como fotógrafa, ora como repórter tenho notado algumas diferenças cruciais nas duas atuações. É que repórter se perder a cena pode pescar tudo do coleguinha que estiver do lado. Mas e o fotógrafo? Se perder a cena, faz o quê???
Ben Harper no aeroporto, por exemplo. Dribla engarrafamento, corre pra lá, volta pra cá, pergunta a um, a outro. Ninguém responde. Ninguém viu, ninguém sabe. Vôo? Horário? A única certeza era o local de embarque: Rio de Janeiro. Pergunto a Infraero: nada. A faxineira: nada. Procuro coleguinhas de outras mídias: nem sinal. Apelo pra central de atendimento: balcão às moscas. Só resta pensar: putz, me ferrei! Daí a redação começa a ligar a cada cinco minutos: cadê o cara? Como não chegou? Dê um jeito ai. Temos um buraco na primeira página. Acho bom você arranjar logo uma foto desse surfista. Parêntese: a duas horas do fechamento da edição, o termo "acho bom você dar um jeito" é uma forma educada de dizer: se você não conseguir, sua cabeça vai rolar. Nem se engane que o eufemismo não é nem de longe um conselho e sim uma ordem que deve ser executada. Nesse momento, após encarar duas noitadas internada no Festival de Verão (lembrando que ainda restavam outras duas), a base de junkie food e deadlines sufocantes pra cumprir, é praticamente inevitável não bater a famosa caruara. A cada pico de nervoso, o estômago apitava. Até que sem esperar, ouço um sussuro no pé de ouvido: "Oi. Cê tá atrás do Ben? Uma amiga minha tá no mesmo vôo que ele. Era pra chegar às 20h, mas vai atrasar mais de uma hora", despacha um sujeito anônimo. Será?, penso. E antes mesmo de rebater com uma outra pergunta o sujeito some entre os passageiros. Espero, espero, espero... e nada! Até que na escala de vôos aparece um vôo da Gol vindo do RJ. É minha última chance só pode ser esse, falo pra mim mesma. Desce cachorro, gato, papagaio, piriquito... olho ao redor: ué? Cadê a tv Bahia??? Ai ai aiiiii... é zebra. A tv Bahia deve tá fazendo exclusiva com a cara lá nos fundos, onde só eles têm acesso, que nem na vez do U2, especulo na paranóia de a essa hora já ter levado um puta furo. Mas... que jeito! Tô aqui, vou até o fim só pra ver quem foi o infeliz que fez a bendita imagem que, de alguma forma, vale o meu emprego [foda!]. O segurança dá uma brecha, daí eu passo de fininho pro setor das malas. De lá, fico abaixadinha, bem na espreita, esperando o cara que não vem nunca. E, de repente, como uma luz que aponta no fim do túnel, vejo um morenaço, de chapeuzinho de couro. POr causa das tatuagens a mostra, imposível de confundir. Aponto a máquina e disparo uma seqüência de cliques até ser barrada pelo produtor: quem deixou essa pessoa entrar aqui? Tenho contrato exclusivo com a Rede Globo, não pode. Gesticulou aos berros. Mas antes que qualquer segurança me puxasse a força, Ben Harper, o cara que tanto esperei chegar, veio saber o que estava acontecendo. E, para minha surpresa, o cantor-surfista [autor de um som que eu me amarro horrores], gentilmente permitiu que as imagens fossem feitas. Daí já tinha até berimbau no saguão de desembarque pra receber o rapaz. Fotos, fotos, fotos, muitas fotos. Um cartão inteiro só dele e sem concorrentes por perto. De recompensa, um singelo "ok" da redação acompanhado de uma puta dor de estômago que só cessou depois da coletiva com D2 horas depois no Parque de Exposições.
Fotos a parte, talvez esse seja o tipo de pauta que mais pira minha cabeça. Ao contrário do que muitos pensam, é constrangedor sim [e muito!] enfiar a lente na cara de uma pessoa sem a prévia permissão. E quando a pauta surge na redação a primeira coisa que penso é: não dá pra ser outro fotógrafo, não?!?!
A questão é que esse constragimento dura pouco mais de um segundo. Tempo suficiente para Tássia, versão fotógrafa [aquela que aparece sempre que a máquina está em punho], tomar o espaço de Tássia, aquela que é apenas um hiato crescente acentuado na primeira sílaba, aquela que não dispensa uma praia com os amigos nem uma partida de sinuca nem uma boa cerveja gelada. Essa versão [original] se contentaria em assistir o show espremidinha ao lado de outros milhares de fãs com a diferença que no dia seguinte seguinte já teria passado pro iPod o set list do show pra ir ouvindo a caminho do trampo.
POis... acreditem... fotografar, pra mim, chegar ser um estado de espírito além da realidade que ocupo como mera cidadã. O foco principal é o compromisso de fazer. Mas isso é um outro assunto [longo, diga-se de passagem] e merece ser discutido em um outro post.
É isso, curtam aí, Ben Harper exclusivo pra vocês.