21 de abril de 2006

Nadei na Barros Reis

Parecia ser apenas um engarrafamento. Chuva forte, trânsito lento. Rótula do Abacaxi completamente travada. No carro, Martinha, eu e Alane. Do lado de fora, um toró insano. Tão forte que nem mesmo dava para enxergar as luzes da sinaleira. Mas vamos em frente... papo vai, papo vem e de repente: peraí! É impressão minha ou a água está subindo? Sim, a água estava subindo. E muito rápido. Em menos de uma hora, estávamos ilhadas na Barros Reis.

Primeiro a jante, depois o pára-choque e, como se não bastasse, a água alcançou parte da porta. Molhou nossos pés que até então estavam enxutos dentro do carro. Era a hora de sair. Abandonar o barco. Ops, o carro! Eis o problema. Andamos para um lado, andamos pra outro sem solução à vista. Já não era possível enxergar o meio-fio que separa as pistas.

Quem vinha dos Dois Leões avisava: "nem adianta seguir, não tem como passar, os carros estão boiando". Putaquepariu. Água no joelho, gente em cima do ponto de ônibus. Gente lutando contra a correnteza. Tranqüilo mesmo só quem estava dentro dos busús - sabe como é, veículo grande. E lá se vão mais minutos: água na cintura.

No caminho passava cone de sinalização, lixeira, placa de madeira, sacos de lixo. Só não chegava a solução. E a chuva caía. Bem forte, sem sinal de trégua. Então, não teve jeito - atravessamos o rio. Ops, a pista! Com água na cintura. Quer dizer, Martinha com com um pouco menos disso - a moça é grande. Ensopadas, esperamos a água baixar no abrigo improvisado, um boteco.

O pai, desesperado, tirou o filho de menos de um mês pela janela do carro. A mãe veio logo atrás com a sacolinha pro alto com cuidado pra não molhar. Nem um piu, nem um sinal de medo ou insatisfação. O bebê não reclamou e ainda mamou no colo quentinho da mãe.

Passava das 22h, quando a água finalmente começou a escoar. Por sorte, o pai do bebê fez essa foto aí em cima. Só pra registrar, quando a água já estava descendo, que no dia 20 de abril foi preciso ser peixe Barros Reis.

4 comentários:

Fábio Bito Caraciolo disse...

Tá vendo que não precisa sair de Salvador para encarar uma aventura?! Que Capão que nada... o lance são os esportes radicais de Salvador.

Dizem que quando chove por aqui, acontece coisa parecida... Thiago (o Bernardes) até publicou uma fotinha no Diário por causa de uma situação semelhante...

Mas a de vcs é incrivel... se a agua batia na cintura de Martinha, vc teve que usar aquelas boias de braço, ne menina?!?! ehehhe... brincadeira!

morro de saudades!
beijoca!!!
seu amigo

Parabola Volat disse...

Passei pelo mesmo, estávamos provavelmente no separadas apenas por alguns carros, no entanto, impossível encontrar alguém em meio ao Pânico que me tomou... talvez alguns tenham visto uma louca gritando dentro de um pálio vermelho "eu quero sair daqui!!!" risos... era eu.

Beijos
Juli

tássia disse...

rs.
juli, eu tb queria muito sair dali!!! muito, rs. :P

Anônimo disse...

Avisa nosso amigo Bito, que quando eu morava em São Paulo, tinha um salva vidas (daqueles de avião) no porta luvas do carro, para emergências do tipo... e uma vez, quase quase usei o dito ... Larguei o carro na esquina da Paes de Barros com a Rua dos Trilhos - na Moóca - e desci com aquela coisa cor de abóbora na mão, pronta para fazer bóia cross ...
Se segura aí malandro!
Denis