2 de maio de 2006

Chapada

Pois de tudo fica um pouco. Fica um pouco de teu queixo no queixo de tua filha. De teu áspero silêncio um pouco ficou, um pouco nos muros zangados, nas folhas, mudas, que sobem.
Ficou um pouco de tudo no pires de porcelana, dragão partido, flor branca, ficou um pouco de ruga na vossa testa, retrato. Se de tudo fica um pouco, mas por que não ficaria um pouco de mim? no trem que leva ao norte, no barco, nos anúncios de jornal (...) E de tudo fica um pouco. Oh! Abre os vidros de loção e abafa o insuportável mau cheiro da memória. [Resíduo, Carlos Drummond de Andrade]

2 comentários:

Fábio Bito Caraciolo disse...

Inspiradíssima minha amiga!
to morrendo de saudade!
Hoje foi meu primeiro dia na redação do Lance... muito legal estar "na ativa" de novo... nem deu pra notar que era "feriado"!
To feliz, apesar de ainda com a corda no pescoço!
beijoca!!!!!!!!

tássia disse...

Tenho um amigo guerreiro que vai vencer São Paulo :)