3 de junho de 2007

Herança às traças

Documentos que deveriam estar preservados, foram danificados pela má conservação no Arquivo Público do Rio de Janeiro. São cartas, fotos e livros sobre personagens importantes da história do Brasil. O prontuário policial de Jorge Amado, de 1942, está no Arquivo Público. Agentes a serviço do governo monitoravam todos os passos do escritor baiano. O mesmo acontecia com o guerrilheiro Carlos Lamarca, morto por tropas do exército em 1971. Cartas trocadas por Olga Benário e Luis Carlos Prestes também foram guardadas. Prestes aparece numa lista de comunistas procurados na década de 50. Os documentos, que guardam parte da memória do Brasil, estão ameaçados. Fazem parte do acervo do Arquivo Público do Rio de Janeiro, que há nove anos funciona de forma improvisada num prédio centenário. O telhado do depósito está desabando. A fiação elétrica é aparente. Numa sala, pedaços de gesso despencam do teto. Pombos até fizeram ninho. Cupins e mofo também estragam o material. O livro, do século 19, tem a lista de presos do Império. O papel já está danificado por fungos. Quem perde com a degradação do arquivo são os próprios cidadãos. Hoje quem mais consulta esses documentos são pessoas que buscam, na história, provas para que tenham direitos reconhecidos. É o caso, por exemplo, de vítimas de repressão da ditadura militar. A primeira pista pode estar numa das gavetas. Os arquivos do antigo Dops, a Delegacia de Ordem Política e Social, guardam dois milhões de fichas com nomes, sobrenomes e apelidos de presos políticos. Papéis que deveriam estar em ambiente climatizado, envelhecem no porão sem cuidados especiais. O Brasil, como um todo, perde porque deixa de ter uma área de informação para pesquisa histórica. Livros de história, reportagens, matérias são feitos a partir de fontes primárias”, afirma Daniel Beltran, presidente da Associação de Arquivistas. Paulo Knaus, diretor do Arquivo Público, admite os problemas. Diz que as metas são a construção de uma sede própria e a contratação de pessoal. “O arquivo é uma peça fundamental dessa estrutura que garante informação ao cidadão”. [Reportagem do Jornal Hoje. Veja o vídeo aqui] Lamentável. Vergonhoso.

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