2 de julho de 2007

Pegada violenta - PARTE XIII

Atualizado às 23h20. Dessa vez, o fim de semana vem condensado.

Domingo de noite. Fui à praia contemplar o nascer da lua. Lua cheia, magnífica. Potente e amarelada. Enorme! No sábado achei que estava de tamanho tão gigante como nunca tinha visto antes. Lua cheia me deixa meio baratinada, bate onda, sei lá. Aguça meus sentidos, modifica a percepção. Doidura, como diria um amigo. Levei Bóris comigo. Esse final de semana ele tá de lord, praia duas vezes ao dia. No carro ele vai quietinho, espojado no banco do fundo, curtindo o som. Mano Chao na ida. Ben Harper na volta. Soltei na praia pela primeira vez. Correu bastante, lambeu minhas amigas, espanou areia com rabo e não gostou nem um pouco de sentir a presença de um pitbul. Bóris ainda não sabe correr direito, rebola a bunda meio desengonçado, é engraçado. O rabo dele rotaciona em elipse, Clarissa que notou. Ele nunca tinha ido à casa de Mônica, lá tem outro cachorro: Bob. Bob Marley, um coker preto misturado com basset, 95 anos. Bob ficou invocado e, naturalmente, na condição de dono da casa, rosnou pra Bóris. Decidi até ir embora. Mas graças à paixão de Mônica por cachorros - mil vezes superior à minha - Bóris conheceu a parte de cima da casa. Ameaçou umas estripulias no sofá, deu um pulo e despencou todo torto de cara no chão, mas encontramos um jeito de deixá-lo beeeem calminho sob efeito relaxante. O problema foi na hora de descer. Ele empacou no topo da escada, não queria descer por nada. Medo de altura nítido na cara. Foram longos minutos até convencê-lo. Fiquei irritada, Mônica, pacientemente, após várias tentativas em vão, conseguiu arrastá-lo de ré. Foi assim que ele desceu. Bóris está na fase parece mais não é. A última vez que foi ao veterinário, há pouco menos de um mês, pesava 27kg. Como todo labrador, ele é todo grande: patas, dorsal, rabo, cabeça. E a língua! A língua é enorme, haja baba! Parece adulto, por causa do porte, mas não passa de um bebê-cão de seis meses. Tem que ter muito peito pra aguentar a brincadeira. Qualquer movimento afobado gera um ematoma roxo. E, como toda criança, precisa de limites e bons exemplos para não se tornar um adulto insuportável. Ninguém tem que aturar falta de educação alheia.

Domingo de manhã. Bóris foi à praia, eu fui trabalhar. Vejam vocês como a vida é engraçada. Cachorro com vida de gente, eu com vida de cão. Sim, porque só o cão pra se enfiar em pleno domingo de sol numa redação gelada. No trabaho, ouvi algumas piadinhas sobre os ematomas. Papai contou que ele nadou horrores na praia. Se esbaldou no mar, pulou ondas, mas preferiu repousar numa poça. Tomou água de coco, correu na areia e voltou pra casa.

Sábado de noite. Grande dia. A familía chegou de viagem. Quando Bóris sentiu a cheiro, correu feito doido. Tamanha alegria, pensei que o cachorro ia se mijar. Deitou nos pés de papai com a barriga e patas pra cima, de boca aberta, língua pra fora, esperando carinho. Se esfregou nas pernas de minha irmã, pulou no colo de minha mãe, todos cheios de carinho pro cachorro. Nem tinham visto o estrago no meu corpo. "Meu Deus! Você caiu, filha?", disse mamãe abismada. - Caí? Ficaí... seu cachorro quase me mata. "O quê? Isso foi Bóris?", engrossou papai - - Tô dizendo... agora vão fazer acariação pra saber se tô querendo incrimar o cachorro. Suspendi o moleton até a coxa e antes que eu falasse qualquer coisa ... "Meu Deus!", dispararam os três simultâneamente com cara de assombro. "Por que você deixou???". - Ora, meu pai. Não vem com essa, só se eu desse com cano de pvc na cara dele. "Eu te denunciava para a Sociedade Protetora dos Animais", retrucou minha irmã atrevida em versão aspirante a Brigitte Bardot. - Então vê se educa essa merda de seu cachorro, guria! Discussão familiar a parte, Bóris agora é só alegria. Realmente, Carminha. Cê tava certa, dei mole em não ter feito o vídeo.

Sábado de tarde. Acordei pra lá do almoço, de ressaca. Moral e física. Eu disse: a sexta foi canina. E incrivelmente de madrugada piorou mais ainda. Nada de leite derramado, um banho completo pra animar. Ducha de 40min, aquela que faz os ambientalistas se contorcer, mais um prato de feijão pra dar sustância ao dia e como promessa é dívida fomos passear. Ê satisfação! Pulo pra lá, pulo pra cá, lá vai Bóris farejando todo o caminho. Quase não anda de cabeça erguida. É com a cara enfiada no chão o tempo todo. Fico atenta para não meter a boca onde não deve, mas volta e meia ele abocanha alguma porcaria. Cansei de enfiar a mão na garganta, machuca muito. A minha pele, é claro. Agora bato o pé no chão com força, olho feio, falo alto "não!" e ele cospe fora. O vizinho da rua de cima, dono de uma quitanda, se apaixonou por Bóris. Ele tem dois cachorros esquisitíssimos, uma mistura de chowchow com poodle, imagine... Talvez eles fiquem amigos.

Sexta-feira de noite. Tive um dia de cão e quando cheguei em casa, exausta, só coloquei a comida do cachorro. Troquei a água também, é claro. Fiz um cafunezinho básico e só. Nada de passeio. Sem condição. Amanhã vem a recompensa, estarei de folga, vai dar pra brincar bastante.

2 comentários:

Anônimo disse...

Minha amiga de cães malucos. Minha irmã (Nina) me mandou seu blog pra eu dar uma lida. Se não prestasse muita atenção, acharia que vc estava escrevendo sobre o Jorge Luis, meu labrador amarelo lindo de 11 meses. Não pare de escrever...quando leio sobre o Bóris, quase morro de rir, porque passo por tudo isso todos os dias...igualzinho. Forte abraço Leandro leandroguadalupe@hotmail.com

tássia disse...

Vixi! Achava que o amarelo era calminho... até já tava pensando em despejar um balde de tinta no meu, o negão. Jorge Luis, cachorro do nome chique, hehehehe. Mesmo nome do meu vizinho. Não me diga que Jorge ainda faz esse tipo de travessura, será que fica quieto quando?!? E todo mundo acha que labrador é calminho... ai ai. Conte mais sobre ele. Antes de ver sua mensagem, a chegada da família ia ser o último post.