15 de dezembro de 2007

Festival 5 minutos - 4ª noite

Sala Walter lotada. Acabei assistindo a mostra competitiva na Alexandre Robato, do lado. Perdi Pega, mata e come, Por baixo do pano, Quero sangrar em cima de você, Recuperando a inocência e Sambadeiras do Recôncavo. Todos baianos. Apreciei a fotografia de Sensações contrárias (BA). Ângulos bem trabalhados. Fresta de portas, corpos cortados. Planos afastados. Enquadramentos criativos sem desfocar o elemento principal. Todos foram para a lua (RS) traz depoimentos engraçados de pessoas que foram morar lá... na lua. Trilha ecológica (BA), animação. Uma sucessão de paisagens sonoras em pixels. A trilha sonora de Um cineasta à procura de seu filme (SP) me causou uma certa agonia. Soou feito música de videogame e me pareceu mais veloz que a história. Tatiana e Vazio (RJ), ambos de Diogo Fonte e Flávia Monteiro, mostram conflitos existenciais. Têm seus méritos, mas não bate muita onda em mim. Questão de gosto. Prefiro Preparação para o nêgo fugido (BA), dos mesmos diretores de A infância de Anastácia, que passou na 1ª noite [Cau Marques e Marília Hughes]. Documentário etnográfico sobre um folguedo de mais de um século de existência, vivido por homens da comunidade de Acupe, distrito de Santo Amaro da Purificação, Recôncavo baiano. O curta mostra como a comunidade prepara as fantasias confeccionadas com folhas de bananeira. Carvão no rosto e lábios pintados de vermelho. Chapéu de vaqueiro, colete de couro, espingardas e muita lambança completam a indumentária dos capitães do mato. Esse ano fotografei uma apresentação do Nêgo Fugido no Solar do Unhão. Impressiona pela força da tradição, passada oralmente a cada nova geração. Quanto ao doc, vale a pena assistir. Recomendo. Roteiro e fotografia bem apurado. Teve também outro doc, Veras (BA). Biográfico. Sobre Divaldo Angelin Veras. Nada de encher os olhos na concepção artística, mas vale conhecer a história desse sujeito, ex dono de boate, ex produtor de artistas internacionais, ex bon-vivant. No curta, um retrato do fim da vida, pobre e caquético num quarto em Ipiaú.

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