7 de junho de 2008

A arte do equilíbrio

Lauro de Freitas-Portão? Nãnão. Talatona-Benfica. Essa van azul se chama
Kandonga. O piloto, kandogueiro. É o meio de transporte disponível para situações quando
só a canela não basta. Não tem ônibus nem táxi em Luanda. Quando chegar no
aeroporto, peça pra alguém ir te buscar. Fica a dica.


É tanta gente indo e vindo nessa cidade. Gente daqui, gente de lá. Gente das Europa. Gente da China. Até o povo de Alah. Unidos para reconstruir Angola. Boa parte dos rostos que vejo na rua, fico sem saber se é da Bahia ou de Angola. Tudo muito parecido. A pele, o nariz, a forma de andar, o cabelo trançado, o sorriso largo. Queria saber carregar as coisas na cabeça. Algo mais além de idéias. Não entendo como uma mulher consegue equilibrar uma dúzia de ovos na cabeça. Se eu tiver que andar cem metros com o mesmo pacote nas mãos, é grande o risco de tudo se espatifar no chão. Com elas não. Sobe, desce calçada. Vira pro lado pra ver se vem carro na hora de atravessar a rua. Pára na pista, conversa com a amiga. Traz o miúdo amarrado na cintura. Passo apressado pra chegar rápido em casa. É tão fácil, tão natural, tão desinibido no cenário sofrido. Devo ser mesmo uma pessoa sem prumo na vida.

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