7 de outubro de 2008

A notícia como ela é

ou seria (?) A vida como ela é

Cada 3 segundos muere un niño menor de 5 años por causas que podrían evitarse [+]

Cada tres segundos muere un niño en el mundo antes de cumplir los cinco años -10 millones cada año- y la mayoría de las veces por causas que podrían prevenirse, aunque el 99% de estos menores viven en países en desarrollo, según recuerda el último estudio de Save the Children.

Enfermedades como la malaria, el sarampión, el sida, la diarrea y la neumonía son las cinco causas fundamentales del 90% de las muertes de estos niños, la mitad de ellas se producen en seis países (India, Nigeria, República Democrática de Congo, Etiopía, Pakistán y China).

Muchas de estas enfermedades son evitables con vacunas o material sanitario de bajo coste, según ha explicado en la presentación del informe María Jesús Mohedano, de Save the Children, aunque ha lamentado que se mire con "resignación" la muerte cada año de estos 10 millones de niños.

----> Traduzindo a nota acima: a cada palavra que digito neste post morre uma criança vítima de doenças facilmente evitáveis. Aos minimamente sensíveis, é de partir o coração, né não? Não. Não é não. A gente acha que se comove com esse tipo de notícia, porque fomos 'politicamente bem educados' pra se importar com a miséria alheia ao invés de fechar os olhos como 'os burgueses malditos'. Alguns assim foram, pelo menos. Aí, vez ou outra, numa mesa de bar, rodeado de amigos, a gente passa horas e horas falando sobre dados, casos e estatísticas, índices elevados de miséria [guerra, fome, injustiças e doenças] no mundo. Assim como "Os sonhadores", de Bertolucci, somos rebeldes e bem informados. Pronto, é para os 'politicamente bem informados' que esse tipo de notícia é publicada. Agora eu pergunto: e daí? Em poucos minutos eu e você vamos desligar o computador. Antes de dormir vamos reclamar da vida. Veja bem, vamos reclamar da nossa vida. É típico do ser humano dar pouca importância ao universo ao redor. Salve algumas excessões como Madre Teresa, Gandhi, Sérgio Vieira de Melo e o Dalai Lama [esqueci de alguém?]. No geral, o que conta mesmo, o que angustia e nos faz perder o sono é, essencialmente, o nosso infinito particular. É o relacionamento em crise. É o filho que dá trabalho. É o pai, a mãe, a tia, o vizinho que não param de encher o saco. É a casa dos sonhos, a viagem dos sonhos, cada vez mais difícil de alcançar. O prazo na faculdade prestes a expirar, trabalhos pra entregar. É o chefe chato, no emprego chato, que insiste naquele papo chato e nem fala em aumento de salário. As contas pra pagar. O trânsito infernal, o candidato que não foi eleito, o político bandido que não foi preso. O príncipe que não chega. Etc etc etc, meu Deus! Como a vida é injusta... comigo. Depois do almoço e do jantar, vamos continuar jogando excesso de comida no lixo e quando o G8 for discutir o biodiesel, a gente vai ter medo de produzir combustível de plantinhas como soja ou dendê "porque pode faltar comida nos países subdesenvolvidos" [fale sério! ainda tem gente que cai nisso]. Depois de 'mais um dia de cão' [afinal nada dá certo... comigo], vamos continuar tomando 15 minutos de banho quente pra relaxar, sem se importar com um possível déficit de água no planeta. Afinal, a Europa e o Iraque que se cuidem! No Brasil não vai faltar água [será?]. Vamos continuar consumindo varias deliciosas guloseimas artificialmente aromatizadas, várias latinhas e trequinhos que nos saltam os olhos nas prateleiras, especialmente produzidos pela irrestível indústria dos bens de consumo não duráveis, mesmo sem saber o que fazer no final com as embalagens. Ah, é descartável. Joga no lixo! Alguém vem recolher mais tarde. E quando o pivete maltrapilho se aproximar na esquina, vamos acelerar o passo ou fechar a janela do carro, afinal, ele - pobre, desamparado e faminto - é uma ameaça. Afinal, ele fuma crack. Eu e você [bem nutridos] fumamos um baseado e nos banhamos de cerveja, diga-se de passagem. Né não? Tô mentindo? Agora me diga: pra que esse tipo de notícia 'mera estatística' é publicada? Volte pro início do post e conte quantas crianças acabaram de morrer. E me diga: por acaso mudou a sua vida? Fiz você perder o sono essa noite? Ou você, apenas, ganhou mais pontos no clube dos leitores bem informados sobre a realidade... alheia?













Contou?
Ok, agora desligue o computador e vá ler um livro - como de costume - pra continuar bem informado.

Nenhum comentário: