25 de fevereiro de 2009

Todo carnaval tem seu fim...

Quinta-feira de carnaval. Primeiro dia de uma maratona que, em Salvador, só termina na Quarta-feira de Cinzas. Teoricamente, um dia tranqüilo de ir à rua, já que muita gente ainda trabalha na sexta-feira. Faz alguns anos que saio nos Mascarados, o bloco de Margareth Menezes. Fundado em 1999, há dois anos é o único com corda e gratuito, basta vestir uma fantasia. E ao contrário do que se pode imaginar, um bloco bastante badalado com direito a participações ilustres como Caetano, Wagner Moura, Beth Goulart, Gianechinni e vários outros. Uma raridade espremida no carnaval da indústria do axé music. Pra desfrutar aquilo que se vê na tv via Band Folia é preciso desenbolsar no mínimo R$ 300 por dia só para garantir o acesso a um camarote ou vestir um abadá de um bloco. A depender da atração, paga-se até R$ 1,500 por dia. É o caso de Ivete, Chiclete e Durval. Padrão amplamente questionável visto que a remuneração média da população economicamente ativa em Salvador e Região Metropolitada é de R$ 935 [IBGE]. A 'capital da alegria' possui uma das mais altas taxas de desemprego do país, 11,9%. Seguida por São Paulo (9,4%), Recife (9,3) Rio de Janeiro (7,1%), Belo Horizonte (6,9%) e Porto Alegre (6,7%). Tem ainda os camarotes exclusivos para convidados - é o caso do Expresso 2222. Nesses, não se vende convite, participar é uma questão de prestígio. Os Mascarados foge a regra. Quer dizer, fugia. Porque até mesmo no princípio, quando era pago, a pulseira de acesso era vendida por um preço acessível - variava de R$ 190 a R$ 250, a depender do dia. Valia pela originalidade, pelo prazer de ir à rua correr atrás do trio elétrico vestido com o que a imaginação pedir, sem precisar desenbolsar cifras de dinheiro. Uma pena constatar que esse ano a coisa desandou. Abandonamos o bloco ainda na Barra por motivo de força maior: execesso de gente por metro quadrado, tumulto, e muita briga do lado de fora da corda. Faltou paz, faltou espaço. Sobrou vontade de ser folião não-pagante. Lá de cima Margareth cantava e pulava. Embaixo quase não dava pra respirar. Espremidos dentro e fora da corda. Com medo da polícia, com medo dos bandidos. Pior do que pipoca, pareciamos o bagaço da cana sendo processada no moinho.Uma garapa. Voltei pra casa com uma sensação de frustação latente. Voltamos. Três baianas, uma mineira-baiana, um espanhol e um gaúcho, os dois únicos estreantes na festa. Saímos de casa animados em estilo Saltimbancos e, na contramão da folia, terminamos compondo o 'bloco dos resistentes fracassados'. Gastamos a última ficha. Depois de muitos anos pulando atrás do trio, hoje me rendo: não dá mais Carnaval da Bahia. Só mesmo pra quem tem [e pode] gastar [muito] dinheiro no quadrado insosso dos blocos de trio. Não vamos muito longe, apartheid gera violência. Meu refúgio é a praia.

6 comentários:

Anônimo disse...

O evento pode ser ofuscado pela falta de brilho e de espaço para brincar uma das maiores festa de rua do mundo.Porém é a alegria que nunca pode acabar. Seja na avenida ou fugindo da muvuca num cantinho tranquilo com varanda, amor, comidinha gostosa, cachorro e praia..." Todo carnaval tem seu fim...", ainda bem pois podemos nos preparar para o próximo...

De um palhaço q achou sua boneca de pano nos contratempos de mais um desses carnavais da vida!!!

Anônimo disse...

tche!!! mas eu ainda vou sair nesse bloco tb!!! bjs

Anônimo disse...

pelo menos as fotos ficaram mto lindassssssssss

Bruna Hercog disse...

Falou e disse Tassinha!
Mas nossa animação valeu muuuitoo e sem cifras...rsrsrsrs

ps - as fotos tão mto legais!!!

Lucas disse...

vem pro carnaval da 4ª Colônia
;)

Nana Vedoin disse...

Issooo vem ano q vem pra Carnaval da 4ª Colônia!!!