O fim do texto polido e o início de qualquer coisa
Pressa, preciptação. Irreflexão.
Eis aqui o grande pecado cometido por nós, blogueiros (não gosto dessa palavra).
A blogosfera (quê?) é a maçã vermelha mordida no paraíso.
Temos o mundo nas mãos.
Ganhamos autonomia, liberdade.
Sepultamos de vez a fragmentação da rotina produtiva.
Tudo se concentra em uma só pessoa: o autor.
Adeus, sr. editor.
Penso, escrevo e publico.
Finalmente a palavra é minha.
Apenas minha. Do início ao fim.
Seria a glória não fosse a incapacidade do ser humano de sobreviver isolado.
Da mesma forma que precisamos do gari para recolher o lixo que acumula na porta da nossa casa todos os dias, quem escreve precisa de um revisor.
O pai do texto fatalmente sofre de cegueira crônica.
Sozinho, não é capaz de enxergar as virgulas que ficaram fora do lugar.
É o que percebo toda vez que releio minhas postagens com mais de um mês de publicação.
Sempre há um tropeço, no mínimo, levemente comprometedor.
Não que a pretenção seja um Cem anos de solidão a cada post.
Longe disso. Bem longe disso.
Ainda sim estou convencida.
Publicar sem revisar é sacrificar o texto.
E blogar é a aflição do pensamento.
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