E-books e a morte do urso polar*
Acho sórdido impulsionar a venda de e-books sob argumento de ser uma medida ecológica altamente necessária. Falso, praticamente uma chantagem emocional. São poucas as árvores que viram livro. A maioria vira bife. A produção de eucalipto é um plantio muito específico, com uso controlado do solo, salve exceções, não está necessariamente relacionado ao desmatamento mundial. Diferente da triste sina da nossa floresta Amazônica. Boa parte do desmatamento no Brasil ocorre para a criação de gado, com forte emissão de CO2 gerado pelas queimadas - aberturas na vegetação para a formação de pastos. Além disso há um componente muito pouco falado, altamente prejudicial ao meio ambiente, cuja origem chega a ser hilária - o pum da vaca. É, meus caros. Boa parte das emissões de metano na atmosfera é provocada pelos gases expelidos pelo sistema digestivo dos bovinos. Em outras palavras, a vaca é predadora do urso polar.
Tem um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação [FAO] muito interessante sobre o assunto. Recomendo a leitura, chama-se "The Livestock Long Shadow: environmental issues and options". Segundo a FAO, 18% da emissão de todos os gases causadores do aquecimento global são gerados pela indústria de carne. E não só isso. A criação massiva de animais para consumo humano é o centro de quase todas as catástrofes ambientais [destruição de florestas, perda de diversidade, extinção de espécies e de habitat, desertificação, escassez de água doce, poluição do ar, do solo e da água, chuva ácida e erosão do solo]. O vídeo Meatrix também traz uma abordagem e reflexão interessante sobre o tema, inclusive denunciando o surgimento de doenças esquisitas, como a gripe aviária.
Muito provavelmente em pouco tempo estarei usando e-book. Tenho interesse em adquiri-lo, assim como fiz com o iPod. Tenho gosto por eletrônicos. A livraria Barnes and Noble, considerada a maior do planeta, já tem disponível um catálogo eletrônico com mais de 700 mil títulos, contra 345 mil oferecido pela Amazon. Para uso pessoal, penso na portabilidade no caso de viagens, por exemplo. Algumas vezes já paguei excesso de bagagem por causa do peso dos livros. Seria ótimo compactá-los num arquivo digital.
Só não sou a favor do terrorismo. O e-book não substitui o livro de papel, assim como os jornais online não substituem os impressos. Até o fim dos meus dias, farei questão de ter meus livros de papel. Ler no monitor cansa as vistas e não tem 'aquela aura' romântica. Ainda sonho em ganhar uma dedicatória de Saramago, para mim, teria mais valor que um rubi. Além disso, nada mais charmoso que ter uma estante com os autores prediletos no canto da sala. Nada mais relaxante que folhear García Marquez tomando chá, esparramado no sofá. E não há nada mais confortante do que ter sempre um bom livro de cabeceira, verdadeiro amigo para todas as horas.
(*) Não sou vegetariana nem carnívora inveterada. Como carne, no máximo, três vezes por semana, em uma refeição por dia. Papel, é reciclado. Na impressora, caderno, agenda, bloco de anotações etc. Reconheço que posso reduzir o tempo que gasto debaixo do chuveiro. Reutilizo e dou novas funções a cacarecos de plástico. Minha bandeira é pela minimização coletiva de impactos ao meio ambiente. Até o fim do ano tenho que convencer meus pais em separar o lixo doméstico.
5 comentários:
"(...)Nada mais relaxante que folhear García Marquez tomando chá, esparramado no sofá".
Assinei embaixo.
Beijo.
Bem-vindo ao clube, Carmezin.
Melhor do que isso só se for um chá no sofá de Gabo, heehhehe.
Éééé, trocando essa ideia toda...hehe
Ah, será que ele ia encher o saco se eu ficasse perguntando sobre Macondo, os Buendía e tal?
kkKkkKkk.
esse é o tipo de coisa que a gente só sabe testando. vamo lá pra ver
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