22 de julho de 2007

A notícia como veio

Quando a morte do senador Antonio Carlos Magalhães foi anunciada às 11h40 da manhã do dia 20 de julho, é certo que todos os jornalistas estavam há dias com o texto pronto no gatilho aguardando apenas a constatação oficial para disparar a manchete mais aguardada dos últimos tempos. O "Globo On Line" foi o primeiro a dar a morte do senador. Às 2 da madrugada desse dia, uma matéria foi publicada, mas como a assessoria parlamentar em Brasília e a família não se pronunciaram sobre o episódio, a matéria acabou saindo do ar logo no início da manhã. No lugar, apareceu uma errata que dizia: Estado de saúde do senador ACM é crítico. Mentira, já estava morto, mas quem garantia? Ou melhor, quem bancaria? Na condição de jornalista, não dá pra sustentar uma informação desse tipo sem o suporte de uma fonte confiável. Mesmo que a revelação seja em off é preciso ter garantia. O "Portal Terra" e o "JB On Line" também anunciaram a morte de ACM ainda de madrugada logo depois de "O Globo On Line" e, por efeito dominó, tiraram a página do ar. Jornalismo on line é assim: um dá, todos dão. Um tira, todos tiram e assim segue até que alguém confirme. Durante todo tempo em que ACM esteve internado no Incor em São Paulo não houve sossego na redação onde trabalho e, devido a relevância do assunto, tenho certeza que ocorreu o mesmo em todas as redações do país. Todos de prontidão. Do blogueiro por hobby ao fechador da primeira página da Folha de S. Paulo, ninguém deixaria escapar tal notícia. Foram 37 dias de apreensão. Nesse tempo ACM morreu e ressuscitou diversas vezes nas mãos dos jornalistas. A cada suspeita de morte, só quem se pronunciava era Neto. Era ele quem atendia o celular a qualquer hora do dia para falar com os repórteres sobre o estado de saúde do avô. A pedido do enfermo, não saia nada da assessoria do Incor. A orientação foi seguida à risca, ninguém ousou contrariar o senador. Nenhum médico, enfermeira, porteiro, um primo distante, nem mesmo a faxineira da UTI. Nenhuma palavra, só Neto falava. Na manhã do dia 20, o celular do deputado pela primeira vez foi desligado. Meses atrás, ele havia dito que não seria o porta-voz da morte do avô. O silêncio de ACM Neto era o indício mais convincente de que tinha chegado o dia. Por volta das 10 da manhã, Noblat se cobriu com a imprecisão do jornalismo on line: Aparelhos mantém ACM vivo. É provável que a morte seja anunciada em instantes. Passa meia hora, uma hora e nada. A reportagem do Correio da Bahia é convocada em peso a comparecer na redação. Nem quem estava de férias escapou. De fato, era o dia. Estariam esperando dar 12h para casar com a abertura do Bahia Meio Dia, cogitou-se. A prioridade era a TV Bahia, imaginava-se. E foi quase isso. Todos de olho na tv, aguardando a vinheta do plantão da Globo, aquela que faz o coração de qualquer telespectador disparar. Mas nada de vinheta, o anúncio oficial foi feito 20 minutos antes de Casemiro entrar no ar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ô repórti! Só pra esclarecer: eu já sabia que o caixão SÓ ía entrar na cova assim ... tipo Ivete Sangalo. Sabe como? "de ladinho ..." Inclinado! Quem disse? Moisés Bisesti - na Band - Deu banho ao vivo do cemitério na hora do almoço. E tu teve lá na véspera né fófi? Mas tu é jovem ... nem aprendeu que caixão de rico chama "esquife" e que é maior do que os caixões de pobre! É a vida... é a morte ...

tássia disse...

Esquife??!
Mas não sabia mesmo. Assim como não sabia a diferença entre gaveta e mausoleu.
Tu também, me liga pra fazer cada pergunta difícil da porra...