5 de outubro de 2007

Quando a Coelba bater na sua porta, cuidado!

Não ia nem escrever nada de tão grande que foi a raiva. Mas é que acabo de cruzar com meu vizinho indignado com o corte de luz feito pela Coelba. Detalhe: com a conta paga. Passei por situação semelhante faz três dias. Estava em casa, por volta das 3 da tarde, coisa rara de acontecer. Descansava na tranqüilidade do meu quarto após ter levantado às 4h30 da manhã para fazer um ensaio fotográfico lá no Recôncavo. Toca o interfone, atende minha prima Ivana que bate na minha porta com a seguinte notícia: tem um funcionário da Coelba pedindo o recibo dos meses 6 e 7, caso contrário, vai cortar a luz. Ã? Mas não estamos no mês 10?, contestei.

De qualquer forma, levantei da cama em busca do bendito recibo com a certeza de que meu pai, pessoa que sustenta a minha casa, não tinha 'esquecido' de pagar a luz. Após revirar algumas gavetas encontrei o do mês 6. Fui ao encontro do funcionário da Coelba para explicar que devia ter errado de domicílio. O apartamento 301 do edifício Tânia estava com tudo em dia.

E o mês 7?, perguntou o sujeito em tom arrogante, enquanto um outro ficou me olhando do carro. Não encontrei, meu amigo. Mas pode ligar pro seu chefe e pedir pra ele verificar no sistema, é algum equívoco, tá tudo em dia, garanti. Acho bom a senhora apresentar o mês 7, vou cortar a energia, ameaçou.

Foi a partir da aí que comecei a me irritar profundamente. Olha aqui brother, vai cortar coisa nenhuma, retruquei. Peraí que vou ligar pro meu pai pra tentar localizar esse maldito recibo. Detalhe: meu pai não é desocupado não. Tive que tirar o coroa da sala de aula lá no Isba, em Ondina, pra atender o telefone. "O recibo tá numa pasta no carro. Fale pra ele [o sujeito da Coelba] que chego aí em meia hora", disse meu pai. Situação que por si só já me deixou irritadíssima. Como é que pode uma coisa dessas, a pessoa interromper o trabalho, se deslocar, pra apresentar conta de luz para comprovar que tudo não passou de um mal entendido. Companhia elétrica de merda! Mas vamos lá...

Desligo o telefone e me dirijo ao funcionário da Coelba com a seguinte explicação: o recibo tá com meu pai, o proprietário do imóvel. Ele é professor, tá dando aula em Ondina, pediu pra você aguardar meia hora que ele já tá vindo pra casa trazer o recibo.

Meia hora??? Posso esperar não, senhora. COmo não, meu filho? Não é uma questão de 'poder', você vai 'ter que' esperar. Sinto muito, senhora, finalizou o sujeito sacando do bolso um alicate de bico fino. Tá doido????? Não vai cortar p**** nenhuma!!!, avancei furiosa.

Nesse momento o espetáculo já chamava atenção de quem passava na frente do prédio. O funcionário da Coelba - nem aí pra mim muito menos pros 30 minutos solicitado- abriu o contador e cortou os fios interrompendo o fornecimento de energia elétrica da minha residência.

Filho de uma quenga manca!!! Corja de incompetentes!!! Onde já se viu um absurdo desses!!! Trate desfazer essa merda agora!!! Gritei, gritei muito. Pensei até que minha garganta ia pocar. O infeliz nem aí, deu as costas, entrou no carro [aquele que vem com escadinha em cima, sabe?] e se picou.

Subi pra casa soltando fogo pelas fuças. Abro a porta e o cenário: máquina de lavar interrompida, Renata, a lavadeira, com duas pilhas de roupa pra passar, aspirador de pó no meio da sala, computador e demais eletrodomésticos que estavam ligados todos interrompido bruscamente. Furiosa, pego o telefone para ligar pra Coelba e me dou conta de que sem luz o sem fio não funciona. Celular não tenho. Perdi. Ainda por cima tive que ir telefonar na casa da vizinha.

Aí começou aquela novela que se passa ao discar para qualquer 0800. Aperte "2", se você quer isso. Aperte "9" se você quer aquilo outro. Sem falar na vinheta INFELIZ repetida incessantemente. "Coelbaaaa, sempre ao seu ladoooo. Coelba, sempre ao seu ladooooo. Coelba, garatia de bem estar".

De tão irritada eu não conseguia nem raciocinar mais. Até que uma atendente apareceu na linha. Boa tarde, sou Luciana, em que posso ajudá-la? Não quero falar com você não, querida. Cadê seu chefe? Chama o superintendente. Quero falar com o responsável por essa merda aí. Algum problema, senhora? A senhora pode se identificar? Sou Tássia e graças a incompentencia de vocês a luz da minha casa acabou de ser cortada sendo que a conta está paga! Está paga, senhora? A senhora tem certeza que...

Ô SUA PUTA. NÃO OUVIU O QUE FALEI NÃO? EU QUERO FALAR COM O SEU CHEFE. Senhora, para seu conhecimento, esta ligação está sendo gravada. ÓTIMO, GRAVE! GRAVE MESMO. GRAVE CADA PALAVRA DO QUE ESTOU DIZENDO: A LUZ DA MINHA CASA FOI CORTADA COM A CONTA PAGA. Vai chamar seu chefe ou vou ter que procurar o Procon? Um momento, senhora...

"Coelbaaaa, sempre ao seu ladoooo. Coelba, sempre ao seu ladooooo. Coelba, garatia de bem estar".

Aline, boa tarde. Em que posso ajudar? Você é a superintendente? Sou, senhora. Algum problema? Um problemaço, Aline... blá blá blá... contei toda a novela. Senhora, um minuto, vou verificar no nosso sistema. [segundos passam] Realmente, senhora. Não consta aqui nenhum mês em aberto. Me diga, Aline, vocês não têm vergonha de uma mulequeira dessas não? Senhora, peço desculpas pelo transtorno, o fornecimento de energia da sua residência vai ser normalizado ainda hoje. Não aceito seu pedido de desculpa não, quero registrar uma queixa. Senhora, infelizmente não disponibilizamos esse serviço no momento. NÃO?! COMO NÃO? É que a queixa só pode ser registrada quando... Tá, tá, tá... manda seu funcionário vir aqui ligar a luz da minha casa agora que meu freezer tá descongelado, tem um trouxa de roupa ensopada na máquina de lavar e eu preciso ligar o computador pra trabalhar. Pode me confirmar o endereço, senhora? Sim, rua Professor ... ... ... Obrigada, senhora. Em quatro horas o fornecimento de energia da sua residência será normalizado. QUATRO HORAS? Tá louca, minha filha? São 4 horas da tarde, tá dizendo que vou ficar até 8 da noite no breu por causa de um erro de vocês???? Só pode ser piada uma coisa dessas. Trate de mandar alguém vim resolver isso AGORA. Senhora, infelizmente, esse é o prazo que a empresa dá para esse tipo de serviço. Aline, eu não vou esperar, preciso trabalhar, também tenho prazo, acho bom você ligar essa merda agora, vocês estão me prejudicando, vou dar uma queixa no Procon. Senhora, vou ver o que é possível fazer para agilizar o atendimento.

Meu pai chegou em casa e disse que eu tava nervosa demais. "Menina, se acalme. Desse jeito vai ter uma síncope". É verdade. Faz tempo que não me desgastava tanto. Passei o resto do dia com dor de cabeça. E de nada adiantou tanto escândalo. Só ligaram a luz depois das 19h. Quando a nova duplinha da Coelba chegou pra desfazer a merda, soltei Bóris escada abaixo. Os dois funcionários quando viram El Terrible correndo feito um touro em direção a eles deram pra trás em nítido sinal de medo. Não quiseram nem passar do portão. Meu pai desceu pra pegar o cachorro e quando voltou pra casa brigou comigo. "Você tá barraqueira demais, menina". Barraqueira não, fico é indignada, revoltada com um absurdo desses. "Mas esses dois cumprem ordem, não é culpa deles. Não precisava soltar o cachorro. Vai que Bóris dá uma mordida neles, imagina a confusão que ia ser", disse a experiência paterna. É bom que eles já avisam lá na Coelba e não voltam nunca mais, retruquei. Fim da história.

Lembram do meu vizinho lá no início do post? Daqui da janela vejo o apartamento dele todo apagado. Ele, coitado, tá aqui feito um louco sem saber o que faz com os peixes do aquário prestes a morrer por falta de oxigênio graças a mais um equívoco da Coelba.

6 comentários:

Anônimo disse...

Fogo nas ventas, menina! Até parece gaúcha!rsrsrs
Sabe do que mais? Processo neles!É um disparate!

Anônimo disse...

ah! Se houver uma próxima,larga El Terrible antes do corte! rs bj

Diego Mascarenhas disse...

rapá... que absurdo!
vou começar a organizar os recibos e as contas de luz daqui de casa.
UMA VERGONHA!!!!!

Manda pra pauta de A Tarde. Isso tem que ser denunciado!

Anônimo disse...

Apesar de todo o seu desconforto e indignação, não pude deixar de me deliciar com essa crônica do cotidiano, cheguei a lembrar de "Confuso" do L. F. Veríssimo!
Realmente é foda passar por isso, mas imagine aí: quando os caras vêm cortar e você realmente não pagou, tem que ter muito jogo de cintura pra não ter que ir buscar as velas no fundo do armário...
Tomara que o vizinho tenha conseguido salvar os peixinhos... rs...

Anônimo disse...

Tassinha,

Essas empresas filasdaputa, transfeem o ^nus da prova parao consumidor, contrariano um princípio fundamental do Código de Defesa do Consumidor. Se ele diz que o cliente não pagou, ele é quem tem que provar isso. Mas parece que dá menos trabalho qgredir e desrespeitar o cliente do que trabalhar de forma digna e ética.

Bjo,

Ari

Anônimo disse...

Tassinha,

Essas empresas filasdaputa, transfeem o ^nus da prova parao consumidor, contrariano um princípio fundamental do Código de Defesa do Consumidor. Se ele diz que o cliente não pagou, ele é quem tem que provar isso. Mas parece que dá menos trabalho qgredir e desrespeitar o cliente do que trabalhar de forma digna e ética.

Bjo,

Ari