31 de agosto de 2009

Parem os carros

Preciso andar de ônibus.
Já não aguento mais passar boa parte do dia enlatada, lacrada num carro. Engarrafada.
Perde-se muito tempo nos engarrafamentos.
São minutos e minutos destinados ao nada.

Av. ACM, Salvador - BA

Enquanto isso, a pança cresce.
Os nervos endurecem.
Odeio me sentir engarrafada.
Poluidores de nós mesmos.
Tamanha contradição: semáforo verde - e a vida pára.
A gasolina evapora, o joelho dói e o ânimo embrutece.
Preciso andar de ônibus, é o meu mais sincero pedido.
Não um ônibus qualquer, como esses vários precários que circulam loucamente na cidade.
Por amor à minha saúde, solicito um sistema de transporte público digno.
Com ônibus no ponto na hora certa, passagem acessível, espaço para todos e segurança garantida.
Que me leve ao trabalho com conforto todos os dias.
Direito de ir e vir.
É o mínimo que se pode pedir numa sociedade falida.

25 de agosto de 2009

Aceita um gole?



















Um pouco de cor para a vida.
Eternamente em cima do baú, ao lado da cama.
É. Eu tenho um baú.
foto © 2009 Tássia Novaes

24 de agosto de 2009

Afinal...

... quem não brincou de playmobil não teve infância.
Ainda que não seja apologia.

Sempre encontro umas imagens muito divertidas. Salvo tudo numa pasta chamada "have fun"- às vezes não são mensagens necessariamente engraçadas, mas simplesmente 'bem pensadas'. Acabou virando um grande arquivo morto sem serventia. Do que adianta dar risada sozinho? Decidi que vou postar as melhores. Quem sabe um de vocês não ri junto comigo. Have fun!

Miss Nerdizinha Ecológica_




















Key bag por João Sabino

Reutilizando utensílios não duráveis, que, em poucos anos, viram cacarecos poluidores. A primeira vista me pareceu meio ridículo. Mas depois de olhar duas, três, quatro vezes, a causa me convenceu. Aqui em casa tem dois teclados abandonados e dois em uso. Com frete para o Brasil sai pela bagatela de 130 euros. Ooops.

Paredes invisíveis

[clique na imagem para ampliar]
Já diz a sabedoria popular: quem não se comunica se complica

20 de agosto de 2009

"Livrai-me da injustiça,
que dos malfeitores me livro eu"

Millôr Fernandes

19 de agosto de 2009

É mwangolé, pá!



Não fosse a latinha de Cuca - cerveja local - e os elefantes na moldura ao fundo, eu diria que a família de Springfield tomou um bronze no Porto da Barra e as crianças customizaram o cabelo num city tour no Pelourinho. Parece Bahia, mas é Angola. "Os Simpsons" versão mwangolé foi criado para marcar o início da exibição em Angola, no canal africano Bué. Pra ficar autêntico mesmo, na abertura, o carro de Homer tinha que ser trocado por uma candonga. Ai, ai... Margie fazendo compras no Shoprite. Bué de saudade.

17 de agosto de 2009

5 de agosto de 2009

Sol-das-almas

Sempre tive dificuldade em colocar título em fotos.
Uma imagem, um momento, congelado numa moldura há muito o que dizer.
Seja fotografia noticiosa ou abstrata. Incluo também os retratos.
O pesadelo do título sempre vinha a cada nova fotografia.
Por que limitá-la em poucos caracteres?
Cheguei a pensar que seria "criminoso" colocar título em fotos.
Para mim, era como se estivesse restringindo a possibilidade de quem vê [a foto] viajar numa interpretação diferente da minha.
O que eu vejo não é necessariamente o que você vê.
Se aponto um ponto fixo e olhamos juntos para o mesmo lugar, pode ser bem diferente a nossa percepção.
E o que você vê é de fundamental importância: acrescenta em mim.


Hoje, de forma diferente e inesperada, ganhei um título.
Junto com ele, versos que traduzem uma sutil sintonia.
Republico a foto e como novidade a poesia de Carmezin.


















Carmezin

os paralelepípedos merecem
o caminhar de pés descalços

e a alma, nua,
descansa sentada sob o banho de amarelo

a rua da saudade
é soldada por amores
rascantes

enquanto as folhas singram
e sangram de levinho
- sente-se, tome um vinho

quando a luz cair
é tempo de retomar
o que nunca clareia
essa areia no sapato
rua-rua-rua
de saudade

[me gusta] Clichê

3 de agosto de 2009

O fim do texto polido e o início de qualquer coisa

Pressa, preciptação. Irreflexão.
Eis aqui o grande pecado cometido por nós, blogueiros (não gosto dessa palavra).
A blogosfera (quê?) é a maçã vermelha mordida no paraíso.
Temos o mundo nas mãos.
Ganhamos autonomia, liberdade.
Sepultamos de vez a fragmentação da rotina produtiva.
Tudo se concentra em uma só pessoa: o autor.
Adeus, sr. editor.
Penso, escrevo e publico.
Finalmente a palavra é minha.
Apenas minha. Do início ao fim.
Seria a glória não fosse a incapacidade do ser humano de sobreviver isolado.
Da mesma forma que precisamos do gari para recolher o lixo que acumula na porta da nossa casa todos os dias, quem escreve precisa de um revisor.
O pai do texto fatalmente sofre de cegueira crônica.
Sozinho, não é capaz de enxergar as virgulas que ficaram fora do lugar.
É o que percebo toda vez que releio minhas postagens com mais de um mês de publicação.
Sempre há um tropeço, no mínimo, levemente comprometedor.

Não que a pretenção seja um Cem anos de solidão a cada post.
Longe disso. Bem longe disso.

Ainda sim estou convencida.
Publicar sem revisar é sacrificar o texto.
E blogar é a aflição do pensamento.

Não sou um panda

Quase 1 mÊs sem postar.
Pensar é preciso.

10 de julho de 2009

"Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”, Amyr Klink >> uma grata colaboração de um Certo Figueiredo

9 de julho de 2009

O pudim mais bonito que já fiz


>foto © 2009 Tássia Novaes

Jornalismo alimenta a alma mas não enche barriga.
De banana, para amansar a fera.

8 de julho de 2009

Fascínio

Colonia del Sacramento

Aqui nesse lugar de ruas largas com portas antigas e silenciosas eu me perdi. Desconforto que não me ocorria desde a infância, quando aos cinco anos de idade me vi sozinha numa loja de departamento. Dessa vez, a distração veio da luz. Feito sereia que canta no fundo do mar, me seduziu. Pedi pra Isolda parar o carro assim que avistei a motoneta azul em frente ao sobrado amarelo (o cartão postal alguns posts abaixo). A luz de outono no extremo sul da América Latina é de intensidade mágica. É limpa, reflete um tom levemente dourado. É leve, porém intesa. Um banquete para qualquer fotógrafo - até os que seguem com xeretas ficam fascinados. Cliquei mais uma casa a frente, outra e outra. Fui seguindo lentamente. Até que o cartão de fotos chegou ao fim. Hora de sair do transe. Parei. Puxei uma respiração leve, ainda em ar de contemplação. Que maravilha conhecer Colonia del Sacramento. Exclamação. Alguns segundos passaram, quando me dei conta, olhei pra trás: não estava mais no mesmo lugar. Pior: não consegui avistar o carro nem meus companheiros de viagem. Me perdi. Nada que voltar ao ponto inicial não resolva, pensei comigo mesma. Segui as imaginárias migalhas de pão deixadas no caminho e, ainda sim, não me encontrei. Continuava perdida, nos confis do Uruguay sem documento, sem dinheiro, sem casaco. Apenas com a máquina (sem espaço para mais fotos) na mão. Numa situação assim, qual seria o plano? Não me cabe mais chorar até que mamãe apareça. E mamãe não vai mesmo aparecer - está a milhares de quilômetros, em Salvador, sem nem saber o que passa. Devo sair a procura ou fixar num ponto para não desencontrar? Encostei num árvore, numa esquina onde era possível avistar outras quatro ruas e esperei. Passaram 15 minutos, 30, 40, uma hora. Três e quarenta e cinco da tarde. O sol começou a ir embora. Supliquei pelo meu casaco e cachecol que ficaram no banco do carro. Resmunguei. Meus dedos começaram a não querer dobrar. Saí em busca de uma lojinha ou cafeteria aberta, onde fosse possível me aquecer. Não encontrei. E se tivesse encontrado não teria dinheiro para tragar algo quente. Voltei à árvore na esquina, meu único apóio naquele lugar. Uma hora e vinte, e trinta e quase duas horas perdida em Colonia. Cada vez mais frio, o belo começou a ficar estranho. Tremiliques no corpo, esfrega as mãos. Põe no bolso, esfrega de novo. Não adianta. As unhas começam a ficar levemente roxas. O que vou fazer? Cadê esse povo? Onde se meteram? Ou seria: onde me meti? Por que não estão aqui. Ou: por que não estou lá com eles nesse lugar onde não sei chegar? Puxei uma respiração funda, daquelas que evocam força e concentração, e antes que o ar começasse a ser expelido pelas minhas narinas, o esmo foi suspenso pelo ronco de um carro. Era uma viatura da polícia local de apóio a turistas. Um jovem simpático e educadíssimo policial uruguaio (não poderia ser diferente) me perguntou, em espanhol, porque estava parada no frio, sozinha. Respondi que não conseguia encontrar meus amigos e ele lançou uma outra pergunta que me deixou reflexiva por longos segundos: mas você está perdida ou foi deixada aqui? Ainda não tinha pensado nessa segunda opção. Franzi a testa, pequenos fragmentos dos últimos dias pularam rapidamente na minha mente. Foi o suficiente para me encher de certeza. Imediatamente desfiz a preocupação: não, eles devem estar tão aflitos quanto eu. Fui convidada a entrar no carro para me aquecer, enquanto dava uma volta a procura dos meus amigos. Aceitei aliviada, sem a mínima preocupação. No Brasil, eu temeria se um policial me oferecesse o carro como abrigo. Em Angola, um policial sequer me convidaria - e ainda me pediria uma gasosa. Realmente ali dentro estava muito mais confortável. O jovem policial perguntou amenidades sobre o Brasil, como se tentasse pôr fim a minha nítida preocupação. E funcionou. Ele me convenceu de que a cidade era pequena, não demoraria a encontrá-los. Demos uma volta, duas, três e lá estavam eles nitidamente inquietos e preocupados, sentados na parte externa de um restaurante ao lado do forte. Rosana soltou os ombros, como quem alcança terra firme, após enfrentar uma longa tormenta no mar. Já não seria necessário levar a minha família uma notícia trágica: finalmente eu estava ali. Isolda estacionou a camionete e veio falar comigo assim que me afastei do mico. Ele, de óculos escuros, com minha chompa de alpaca boliviana nas mãos, engoliu a saliva que acumulava seca na boca e abriu um sorriso. Bebi todo tannat que restava na garrafa. Vesti o abrigo e o corpo logo voltou a temperatura normal. Pedi uma massa e, diferente da reação furiosa que acomete mães com tapas e puxões de orelha, que na verdade não passa de uma manifestação de alívio ao encontrar a cria perdida, ganhei beijos e carinho dos três que me esperavam. Foi o sorrentino al sugo mais gostoso que já comi na minha vida.



>fotos © 2009 Tássia Novaes
> encerrada a série "Pequena jóia: Outono no Uruguay"

1 de julho de 2009

"Without the internet,
Barack Obama would not have been elected",
Arianna Huffington,
head of the blogging empire that bears her name


hoje, no The Guardian

30 de junho de 2009

Design: Por onde começar

Inspiration isn’t something that just pops into a designer’s head. Most of the time, we must make an active approach to discover it. This obviously isn’t a new concept, and there are thousands of inspiration websites from CSS galleries to showcase blog posts. These are way overused, though; in order to create a truly successful design, one must find inspiration elsewhere.

Design clearly isn’t new, and before we got into the habit of spending hours in front of a computer screen, the word’s greatest artists found inspiration from an offline world. To create extraordinary design, search in new places besides CSS galleries and showcases. Here are ten unusual places to get started, where one can look to find truly unique inspiration. Kayla Knight, em 10 Unusual Places to Get Design Inspiration

29 de junho de 2009

Evolução


do fotógrafo profissional.

26 de junho de 2009

Colonia del Sacramento (3)



























Cartão postal, Uruguay

>foto © 2009 Tássia Novaes
> no próximo post, encerramento da série "Pequena jóia: Outono no Uruguay"